Apesar de estar localizada no interior da Floresta Amazônica, a cidade de Manaus apresenta um dos piores índices de arborização do Brasil.
De acordo com os dados do IBGE (2010), em termos de arborização urbana, Manaus ocupa apenas o 4.493º lugar entre 5.565 municípios analisados, e o penúltimo lugar entre as cidades com mais de 1 milhão de habitantes. Para se ter uma ideia, a cidade de Goiânia, localizada na região do cerrado brasileiro, é 89,5% arborizada no entorno dos domicílios, enquanto que Manaus, localizada no interior da Floresta Amazônica, é apenas 25,1%.
Foto: Adneison Severiano/G1 AM
“Isso acontece porque Goiânia é uma cidade planejada, ao passo que Manaus possui como característica preponderante o planejamento urbano ineficiente e, como consequência, há grande pressão ambiental e uso indevido do solo, com desmatamentos e ocupações irregulares em margens de rios” - DA SILVA e MOLINARI, 2017.
O desenvolvimento urbano desordenado ocasiona a supressão dos fragmentos florestais, o que modifica a capacidade de troca de calor e a emissividade de calor superficial dos ambientes, contribuindo para a formação das denominadas ilhas de calor. Em Manaus, estudos evidenciam a formação das ilhas de calor em algumas regiões da cidade. Segundo Viana et al. (2012), os bairros de Manaus com as temperaturas da superfície mais elevadas são: Cidade Nova, São José Operário, Zumbi dos Palmares, Japiim, Petrópolis, São Francisco, Nossa Senhora das Graças, Cachoeirinha e Centro. A formação das ilhas de calor urbanas ocasiona alterações no microclima e também prejudica a saúde da população, com o aumento do desconforto térmico dos indivíduos e de estresses, bem como com o surgimento de problemas respiratórios. Ainda, as ilhas de calor provocam o aumento da demanda energética das cidades atingidas. Este dado é especialmente importante, pois, de acordo com Medeiros et al. (2017), aproximadamente 65% da energia elétrica de Manaus é gerada a partir da queima de combustíveis fósseis, que são responsáveis pela emissão de gases poluentes e material particulado na atmosfera, aumentando a poluição ambiental e prejudicando a saúde da população. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde – OMS (2016), cerca de 50 mil pessoas morrem por ano no Brasil em decorrência da poluição atmosférica, que pode causar câncer de pulmão, doenças cardíacas e acidente vascular cerebral – AVC.
Em relação aos aspectos econômicos, Akbari e Konopacki (2005) estimam que a redução das ilhas de calor pode gerar uma redução de 20% no uso de condicionadores de ar, e uma economia total na ordem de $10 bilhões de dólares por ano nos Estados Unidos, além de melhorias na qualidade do ar. Assim, a arborização urbana surge como uma ferramenta indispensável no combate às ilhas de calor, contribuindo para a redução da demanda energética e melhorando a qualidade de vida da população.
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